“Escafandristas” homens e mulheres incríveis

 

O litoral brasileiro 

O litoral brasileiro possui aproximadamente 8,5 mil quilômetros de extensão e uma plataforma continental com cerca de 820.000 km2. A porção dos fundos marinhos começa na linha de costa e desce com um declive suave até o talude continental, atingindo, em média, uma profundidade de 200 metros.

 Essa imensa área de águas profundas e de ilhas oceânicas abriga uma biodiversidade imensa ainda desconhecida, principalmente de moluscos. Isso porque os levantamentos faunísticos dependem de mergulhos científicos, cujo desenvolvimento e técnicas atualmente utilizadas, procedem de uma longa história. 

Quando aqui cheguei 

Quando cheguei ao Brasil pela primeira vez em 2011, desejava conhecer um novo país e também mostrar um pouco do meu, a França. Trouxe na bagagem paixões para compartilhar com o povo brasileiro, como: o mar, a proteção do meio ambiente, o mergulho, a fotografia subaquática e claro, a minha paixão pelo equipamento dos escafandristas, da qual sou colecionador e portanto vou compartilhar com os leitores um pouco da História do mergulho com este equipamento.

Curiosidade

A curiosidade humana é a principal responsável por nos levar a lugares desconhecidos, e pela criação de tecnologias que desde tempos primitivos revolucionaram nossa trajetória em terra e a relação que temos com o mar. A interação com este ambiente permitiu não só a sobrevivência de povos pré-históricos, mas toda a configuração geográfica atual, sendo as águas salgadas palco de muitas aventuras na História, despertando interesses pelos mistérios das profundezas, desde Alexandre “o grande” até Leonardo da Vinci. Como o passar dos anos, o interesse pela atividade do mergulho foi aumentando e os equipamentos ficando cada vez mais avançados. 

Equipamentos antigos 

Podemos observar, que em meados de 1600, Edmond Halley aprimorou uma técnica já existente (o Sino de mergulho), capaz de manter-se submerso por longos períodos e equipado com uma janela com o propósito de permitir a exploração subaquática a 15 metros durante uma hora. Nos anos de 1820/1830 Augustus Siebe, um imigrante alemão na Inglaterra, com a ajuda de seu genro, criou o primeiro escafandro pieds lourds (pés pesados), com roupa de mergulho impermeável composta de: capacete de cobre, um par de sapatos, pesos de chumbo (lastro) para ficar debaixo d’ água e assim aumentando o conforto para o trabalho, dando início à prática do mergulho profissional. Este equipamento evoluiu, mas a técnica básica utilizada permanece. Atualmente o capacete apresenta três ou 12 parafusos, tendo uma abertura com função de “escotilha”, suprindo com ar que vêm da superfície, através de bombas cada vez mais sofisticadas, permitindo um melhor conforto e segurança, possibilitando aos mergulhadores evitar acidentes. Em 1860-1867 Benoît Rouquayrol e Auguste Denayrouze desenvolveram sob encomenda o primeiro Détendeur (regulador) alimentado por uma bomba, que foi aprimorada em 1930 por Yves Le Prieur. Em 1889, Johann Heinrich Dräger consegue sucesso em produzir o primeiro sistema confiável de redução de pressão de dióxido de carbono, que viria a ser o primeiro reciclador de ar que faria parte do equipamento escafandro. Em 1943, Émile Gagnan em parceria com Jacques Yves Cousteau e a marinha Francesa, inventaram o moderno “Aqua Lung”. Este equipamento foi apresentado, graças ao comandante Talliez, permitindo o surgimento na França do mergulho militar. Mais tarde, este material passa para o domínio público, permitindo o mergulho recreativo ou esportivo e com a ajuda de Paul Boechat foram então criadas às roupas em neoprene, com as máscaras fabricadas pela sociedade Squale. 

Pierre Passot e escafandrista - Martinica 2014 

https://www.youtube.com/watch?v=7q-VzRiDjYw

Mergulho em Saint Pierre- Martinica, organização e participação  de Jacques Yves Imbert - Pierre Passot  e todos os demais atores que fizeram seus batismos. 

Mergulho recreativo 

O mergulho recreativo cresceu com vários entusiastas e apaixonados na França e em vários outros países do mundo a partir dos anos 50. Isto faz com que o primeiro “Aqua Lung” seja aprimorado para um novo modelo, com dois estágios muito mais confortável para o mergulho. Se quiserem saber mais sobre a história do mergulho, podemos continuar com esta ou outras histórias nos próximos números da revista Agaronia, que recentemente se tornou parceira da ONG Planeta d’O. Nossa ONG atua com o objetivo de divulgar AGARONIA  e mostrar a  importância dos oceanos, acreditando na obrigação de deixar para as gerações futuras um planeta limpo. Estamos aqui de passagem e recebemos este Planeta “d ́água” como herança apenas por um tempo, portanto é nosso dever cuidar muito bem deste presente.

Este texto pode ser lido no original https://malacologiaparana.wixsite.com/malacologia/agaronia

Referências 

MILLOT, G. Les pieds-lourds: Histoire illustrée des scaphandriers à casque français, ed. le chasse maree editions de l´estran - France, 1987.

LORIDON, G. Des pionniers subaquatiques oubliés. ed. Presse de midi, France 2008.

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